A miss que derrotou a Microsoft

27/09/2004

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A empresária Lisane Bufquin, que já ficou em 2º lugar no Miss Brasil e foi convidada por Bill Gates para ser seu braço direito no País, conseguiu no Cade a condenação da gigante da informática por “falsear” concorrência de mercado


texto: Cecília Maia - fotos: Felipe Barra - 27/09/2004


Lisane Bufquin, sobre o convite feito em Angra dos Reis no fim dos anos 80 pelo dono da Microsoft para ela comandar a empresa no Brasil: “Bill Gates me fez uma corte impressionante’’


Como no conto bíblico, o Davi da gigante Microsoft do Brasil também existe. Mora em Brasília, é empresária, tem 47 anos, é bonita e atende pelo nome de Lisane Bufquin. Mulher de aparência frágil, com 1,69 m de altura, ela comanda o Grupo IOS, empresa de informática de médio porte, 187 funcionários e faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 18 milhões. Por insistência dessa gaúcha de Cachoeira do Sul o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, condenou a maior empresa de informática do mundo. Pela decisão, a Microsoft terá de pagar aos cofres da União multa de 10% sobre o faturamento de 1997 (um ano antes do início do processo) por “limitar, falsear e prejudicar” a concorrência do mercado de softwares e prestação de suporte técnico a órgãos federais. “O governo nem fazia licitação achando que só a Microsoft tinha capacidade para fazer o serviço”, diz. Lisane provou que não era assim. Ainda cabe recurso à sentença, mas foi a primeira derrota jurídica da multinacional no Brasil. Em nota oficial, a Microsoft diz que, no seu entendimento, “a prática comercial anterior estava condizente com a legislação brasileira”.


Lisane não estava só quando entrou com a ação no Cade há sete anos. Outras três empresas estavam juntas. “Por pressão da Microsoft elas desistiram”, diz. Lisane sofreu quatro ações judiciais movidas pela filial da multinacional em Brasília, a TBA, perdeu contratos e viu seu faturamento se reduzir em 70%. Mas foi em frente, agarrada à fé em Santa Terezinha do Menino Jesus, para quem constrói a terceira capela. “Venci por milagre da santa.”



“Fiquei indignada com a dominação deles aqui. Na Europa não fazem isso porque se defrontariam com várias Lisanes”, diz a empresária, que comanda o Grupo IOS em Brasília


Filha de militar, ela conheceu o sucesso na adolescência. Primeiro como campeã dos clubes brasilienses de vôlei e depois como miss. Em 1975, foi a segunda colocada no Miss Brasil, com direito a ir ao Japão para o concurso Beleza Internacional. Lá conheceu seu marido, o engenheiro francês Jean François Bufquin, falecido. Encantado com a quarta colocada na competição, Jean mandou-lhe um bilhetinho num almoço com executivos. “Como não respondi, ele foi pessoalmente me convidar para sair”, lembra. Lisane se casou e foi morar em Paris com Jean quando terminou a faculdade de processamento de dados na UnB. Na França trabalhou em grandes grupos de informática. Destacou-se e, por ironia do destino, a Microsoft lhe ofereceu parceria para se estabelecer no Brasil.


“Bill Gates me fez uma corte impressionante”, diz. Ela trabalhava nos anos 80 na Générale Des Eaux. Gates, de férias em Angra dos Reis, soube que Lisane estava no País e mandou localizá-la para fazer o convite. De frente para o mar de Angra, ela disse não. Casada e com filhos gêmeos adolescentes, Diego e Olivier, hoje com 23 anos, não quis deixar Paris. Anos depois, voltou, abriu sua empresa e sentiu o peso da gigante. “Fiquei indignada com a dominação deles aqui. Na Europa não fazem isso pois se defrontariam com várias Lisanes”, diz ela, que hoje tem clientes como Embrapa, Infraero e Dataprev, usuários de softwares livres.


https://www.terra.com.br/istoegente/268/reportagens/lisane_bufquin.htm


 


 


 

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