Eli Ferreira vibra com sucesso em 'Órfãos da Terra' e lembra dificuldade para aprender sotaque francês: 'Algumas vezes, chorei'

16/08/2019

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Atriz da novela das 6 abre o jogo sobre representatividade e obstáculos no início da carreira. Aos 28 anos, ela revela que sonhava ser bailarina e coleciona títulos de miss


Por Marcelle Abreu, Gshow — Rio de Janeiro   16/08/2019 07h45 


Eli Ferreira fala sobre desafio de viver personagem com sotaque: 'Pensava que não iria conseguir' — Foto: Arquivo Pessoal


Quem vê Eli Ferreira brilhando no papel da imigrante congolesa, Marie Patchou, em Órfãos da Terra, nem imagina que a atriz chegou a pensar que não daria conta da personagem. Em bate-papo com o Gshow, a artista fala sobre os desafios de viver uma estrangeira na TV e também abre o jogo sobre as dificuldades no início da carreira e representatividade.


"Pensava que não iria conseguir. Tinha momento que superevoluía, porém, na aula seguinte, não estava legal. Era francês e eu não falo nem inglês. Algumas vezes, chorei. Me peguei questionando: 'Tanta gente para fazer... Por que eu?'", diz Eli, se referindo à dificuldade em conquistar o sotaque de sua personagem.



Eli Ferreira interpreta Marie Patchou em Órfãos da Terra — Foto: Paulo Belote/ Globo


Para viver Marie, a artista teve aulas com Mireille, uma refugiada congolesa que vive no Brasil há quatro anos e que teve um papel essencial na construção do seu sotaque para a novela. Foram três meses de dedicação até o início das gravações.


"Gravei Mireille nos workshops e palestras que tivemos para a novela e ficava ouvindo enquanto lavava a louça, arrumava, estudava, fazia tudo ouvindo. Também escutei muita música em francês e fiz aulas."



Marie (Eli Ferreira) abraça o filho em 'Órfãos da Terra' — Foto: Reprodução da Internet/ Instagram


Ainda sobre o processo de preparação, Eli lembra que foi difícil entrar na sua personagem. Além do sotaque, Marie tem 33 anos, cinco anos a mais do que ela; é mãe de um adolescente, que pensou ter sido morto por rebeldes em seu país, além de outras características distantes de sua realidade:


"É muito distante de mim. A personagem é de outro país, com outra cultura, tem um filho de 16 anos. Acabei colocando isso à frente, foquei muito nas dificuldades. O mais próximo que tenho de um filho é o meu irmão de nove anos. Não tinha vivência para fazer, mas fluiu", comemora.
Hoje, Eli é só felicidade:


"O reconhecimento está sendo bem legal. Vou sair desse trabalho transformada."
Início da carreira



Eli Ferreira começou sua carreira como modelo, aos 16 anos — Foto: Josias Fotógrafo/ Divulgação


Nascida e criada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Eli conta que começou a carreira como modelo, por não ter dinheiro para fazer balé, seu sonho de menina. A atriz é filha de doméstica e tem cinco irmãos.


"Queria ser bailarina, mas minha mãe não podia pagar pelo curso. Foi ela que viu o curso de modelo na Casa de Cultura e perguntou se eu queria fazer. Era gratuito, só pagava a inscrição. Comecei a gostar e meu primeiro trabalho modelando foi aos 16 anos. Depois, participei de alguns concursos de Miss."
"Minha mãe sempre incentivou, mas tinha medo de eu me decepcionar, quebrar a cara. Ela achava que eu poderia estar perdendo tempo, que deveria estar fazendo outra coisa, trabalhando como caixa no mercado do bairro, por exemplo, o que é referência da onde a gente vem."



Eli foi coroada Miss Fotogenia no concurso Miss Estadual Rio de Janeiro — Foto: Leandro Paiva/ Divulgação


A artista coleciona seis títulos de Miss


O curso de modelo abriu as primeiras portas para Eli. Após alguns trabalhos, a artista foi convidada para participar do seu primeiro concurso de beleza, aos 17 anos. São seis títulos ao todo, e muito aprendizado.


"Morei em Belford Roxo, também na Baixada Fluminense, por um tempo. Nessa época, participei do Miss Belford Roxo e ganhei o Miss Fotogenia. Como tinha 17 anos, não poderia concorrer ao título de Miss ainda. Depois, no Miss Baixada, fiquei em segundo lugar. Também fui eleita Musa Negra e concorri ao Miss Belford Roxo novamente, aos 19 anos. Dessa vez, garanti o primeiro lugar e fui representar a cidade no Miss Estadual Rio de Janeiro. Fiquei em terceiro lugar e fui coroada Miss Fotogenia também."


"No concurso de Belford Roxo, lembro que me chamaram porque não havia candidatas negras. Isso em Belford Roxo, hein. Das 20 candidatas, só duas representantes negras, e eu fui a terceira. E, quando fui para o estadual, éramos pouquíssimas também. Fui a única negra no Top 10. Nessa época, percebia a baixa representatividade, mas ainda não entendia."


Veja fotos



Eli Ferreira representou Belford Roxo no concurso de beleza estadual do Rio de Janeiro, em 2010 — Foto: Arquivo Pessoal



A artista garantiu o terceiro lugar no 'Miss Estadual Rio de Janeiro', em 2010 — Foto: Arquivo Pessoal



Eli também foi eleita 'Musa Negra' — Foto: Arquivo Pessoal



A atriz contou com o apoio do hairstylist e maquiador Márcio Carvalho no início da carreira. O profissional acreditou no potencial da artista e cuidou de sua pele e do seu cabelo sem cobrar nada — Foto: Arquivo Pessoal


Racismo


Mulher negra e moradora da Baixada Fluminense, Eli conta que só foi entender o racismo quando saiu do seu local de origem:


"Pelo fato de só circular pela Baixada por muitos anos, não percebia os olhares. Essa percepção veio quando comecei a circular pela Zona Sul, quando comecei a trabalhar, quando fui para São Paulo. Na Baixada, são pessoas muito próximas, então não estranhava. Quando falo com amigos da Baixada sobre racismo, eles dizem que não sentem. Eu também não, até sair de lá."


Sofreu algum caso racista?


"Passei por um momento durante um trabalho, há dois anos. Uma pessoa fez um comentário que não soube nem como agir, porque nunca havia passado por algo parecido. Hoje, teria reagido de forma diferente."



Eli Ferreira lembra início da carreira como atriz: 'Só pude estudar teatro quando comecei a trabalhar para bancar isso' — Foto: Arquivo Pessoal


Carreira de atriz


Foi durante o concurso Miss Estadual Rio de Janeiro que Eli recebeu uma proposta para fazer parte de uma agência e gravar o seu primeiro comercial. Foi nessa época que a artista participou de um workshop de comunicação em vídeo e sentiu vontade de estudar teatro.


"Só pude estudar teatro quando comecei a trabalhar para bancar isso
a mais antiga escola teatral da América Latina. Ela não só garantiu uma vaga, como conquistou o primeiro lugar:


"Sempre tive medo de entrar, porque ouvia que era uma escola muito difícil. Enrolei, fiz outros cursos, até que senti falta de praticar todo dia. Aí comecei a estudar e me inscrevi. Na época pensei: 'Se eu não passar, não é para ser. Passei em primeiro lugar'."


Novelas



Eli Ferreira foi Tiana em 'Tempo Não Para' — Foto: João Miguel Junior/TV Globo


Antes de estrear na TV, Eli pensou em dar uma pausa na carreira para estudar Radiologia, porque não conseguia trabalho na área. Foi um teste para Malhação que mudou tudo.


"Iria parar quatro anos para estudar Radiologia, já tinha marcado vestibular. É uma profissão que trabalha com plantão, então conseguiria fazer o meu horário. Aí me ligaram querendo fazer um teste para Malhação. Passei e tudo mudou. Hoje, não penso mais em fazer, foi desespero."
"Fiz uma participação em Malhação - Pro Dia Nascer Feliz, como Carmem, mãe da Aline Dias. O trabalho rendeu um teste para Tempo de Amar. Em seguida, já veio Órfãos. Fui chamada para uma reunião com o diretor Gustavo Fernández e já saí com os capítulos na mão", conta ela, emocionada ao lembrar todo esforço.


Solteirice



Eli Ferreira está solteira e feliz: 'Preciso desse tempo para me redescobrir' — Foto: Reprodução da Internet/ Instagram


Solteira após viver um relacionamento de um ano, Eli diz estar comprometida com o trabalho, que não pretende entrar em uma relação tão cedo.


"Terminei há pouco tempo. Sou aquela pessoa que demora uns dois anos após o término para começar a se relacionar de novo. Nunca emendei um namoro. Tenho mais tempo solteira do que namorando. Até porque comecei a namorar tarde, era da igreja. Meu primeiro namorado foi aos 17 anos."


"Não estou procurando, preciso desse tempo para me redescobrir. Estou bem, mas é muita coisa que a gente vive. Ninguém sai ileso de ninguém."


https://gshow.globo.com/Famosos/noticia/eli-ferreira-vibra-com-sucesso-em-orfaos-da-terra-e-lembra-dificuldade-para-aprender-sotaque-frances-algumas-vezes-chorei.ghtml


 

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