Miss Universo há 50 anos relembra o concurso: "Não existia plástica, nem peruca..."

18/06/2018

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MULHERES DO MUNDO 18.06.2018 - 06H00 POR PAULA MELLO

Segunda e última Miss Universo brasileira, Martha Vasconcellos fala sobre sua trajetória e relembra como era o concurso na sua época


Martha Vasconcellos foi homenageada no Miss Brasil deste ano (Foto: Rodrigo Trevisan)


Antes mesmo de saber que seria Miss, Martha Vasconcellos, de 69 anos, já se encantava com esse universo. Desde pequena, brincava com as primas de concurso de beleza. “A gente levava as bonecas para concorrer. Como uma criança competitiva, as minhas eram sempre as que ganhavam”, relembrou em entrevista à Marie Claire.


Anos depois, Martha fez história nos concursos de beleza no Brasil - e no exterior: foi Miss Bahia, Miss Brasil e a segunda - e última - Miss Universo brasileira, em 1968. As oportunidades bateram à porta da baiana: desde os 14 anos, ela recebia convites para participar. "Nessa idade, eu já tinha altura e o corpo desenvolvido como de uma adulta, então já me chamavam. Mas eu explicaca que ainda era muito nova, tinha que esperar até os 18". 


Com a chegada da idade permitida para se inscrever, Martha teve que enfrentar conflitos, principalmente familiares. Na época, ela estava noiva do homem com quem namorava desde os 12 anos - e com quem foi casada por anos - e seu pai não aceitava que ela concorresse ao posto de miss. "Concurso de beleza era um script que não existia na minha família, que era aristocrática, muito conservadora... Para meu pai era impossível uma exibição dessa: a filha dele desfilando de maiô".


Mesmo contra a vontade da família, Martha decidiu enfrentá-la e ir atrás do seu sonho. A psicóloga, que hoje luta pelos direitos das mulheres, acredita que foi a partir daí que despertou seu interesse pelo feminismo. "Meu pai, que era advogado, foi completamente contra e não assinou o documento para eu viajar e participar do Miss Univerno, em Miami. Eu precisava de autorização porque naquela época só podia viajar sozinha aos 21. Eu fiz uma revolução para que meu pai assinasse. Desde este momento, eu já tinha noção do que queria e lutava por isso", afirmou. "Morava em Salvador, que era uma cidade pequena, nunca tinha saído da minha casa, a não ser a casa das minhas tias e, de repente, estou morando em Nova York. Foi uma mudança de vida radical". Mas ela conta que, mesmo ganhando os três concursos, ser miss nunca foi algo aceito pelos pais, que viam o posto como uma futilidade".



Martha Vasconcellos no Miss Universo (Foto: Agência Estado)


OUTRA ÉPOCA, OUTRO CONCURSO


De 50 anos para cá certamente os concursos mudaram muito. Martha relembrou algumas diferenças da época em que participou para os dias de hoje. "Naquela tempo, os concursos eram promovidos pelos diários associados. A alta sociedade baiana se envolvia. As senhoras, por exemplo, escolhiam uma miss de quem seriam madrinhas", contou. "E a vida era completamente diferente. A televisão não era colorida, por exemplo. Nos Estados Unidos, pedi uma ligação que se concretizou dentro de uma semana. Então a vida era muito diferente e os concursos de beleza também".


Outra diferença, segundo Martha, era em relação à beleza. "Não existia cirurgia plástica, nem peruca... No máximo usávamos cílios postiços. Eu não sou contra a essas coisas. Acho que tudo que existe para a mulher tirar vantagem e ficar mais bonita, eu aprovo. A gente tem que usar esses artifícios todos. Mas naquela época nem academia a gente fazia. As possibilidades eram muito pequenas".


Ela disse que era tudo muito natural e que "não fez esforço" para vencer os concursos. "Acho que eu dei sorte de ganhar. É por isso que eu fico com vergonha de ter ganho, porque na verdade acho que eu não merecia (risos). Foi uma coisa que veio de graça, sem esforço."


ASSÉDIO
Questionada sobre se existia assédio nos concursos daquela época, Martha disse: "assédio a gente sempre sofreu, acho que até por ser mulher. Agora que a cultura está mudando e as pessoas estão respeitando mais a mulher. Mas isso aconteceu, sempre teve, e eu procurava colocar as pessoas no seu lugar sem precisar ser agressiva".


ENVELHECIMENTO
Prestes a completar 70 anos, no dia 18 deste mês, Martha lida de forma natural com o processo de envelhecimento. "Se você não morre, velho você fica. Se eu precisar fazer uma plástica, vou fazer. Uma vez eu marquei uma cirurgia, mas comecei a pensar mais sobre isso e desisti. A opinião dos outros em relação a isso não me incomoda e não me interessa. Eu conquistei o direito de fazer aquilo que me agrada e não o que agrada os outros". A ex-miss acrescentou ainda que, para ela, beleza é estar em paz e de bem com a vida.


https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2018/06/miss-universo-ha-50-anos-relembra-o-concurso-nao-existia-plastica-nem-peruca.html


 

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