Nise da Silveira ganha monumento no Corredor Vera Arruda

30/07/2019

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Alagoana se tornou símbolo da psiquiatria por implantar um olhar humano no tratamento dos pacientes


julho 30, 2019 às 18:40 - Por: Redação OP9


Escultura de Nise da Silveira foi inaugurada no Corredor Vera Arruda. Foto: Pei Fon/Secom Maceió


Símbolo da revolução na psiquiatria, a alagoana Nise Magalhães da Silveira foi imortalizada em um monumento inaugurado nesta terça-feira (30) no Corredor Vera Arruda, bairro Jatiúca, em Maceió. Nascida em 1905, a psiquiatra sempre foi contrária às formas agressivas de tratamento usadas em sua época, a exemplo do eletrochoque. Ela ficou conhecida por implantar um olhar humano na psiquiatria.


A escultura da alagoana ilustre é a quarta inaugurada pela Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac). A obra é do escultor e artista plástico mineiro Léo Santana.


Para o prefeito Rui Palmeira a homenagem se justifica pela história e legado de Nise da Silveira. “A doutora Nise, alagoana, foi pioneira na humanização do tratamento psiquiátrico. Na turma de Medicina lá na Bahia, ela era a única mulher. Ela foi perseguida pelo regime ditatorial de Getúlio Vargas. Conseguiu dar a voltar por cima e mostrar para o mundo que o método dela de terapia era muito mais eficiente. Antes os tratamentos causavam muito sofrimento para os pacientes, mas ela chegou para mudar isso”, destacou.



Vera Arruda se destacou como estilista e desenvolveu acessórios acessórios para grifes como Ellus e Rosa Chá. Foto: Acervo pessoal


A escultura de Nise da Silveira é inaugurada no corredor que homenageia outra alagoana ilustre: Vera Ítala Leão Rego de Arruda. Cursou todo o ensinou fundamental e médio em Palmeira dos Índios. Em 1986, aos 20 anos, foi eleita Miss Alagoas, o que a levou a participar do concurso Miss Brasil do mesmo ano, realizado em São Paulo.


Desde criança, ela própria desenhava suas roupas e as de suas amigas. Vera aprendeu com a avó a desenhar suas roupas e contratar costureiras-modistas para executá-las. Foi artista plástica e vitrinista até que resolveu se mudar para São Paulo para conquistar os seus sonhos em 1997. Em 1998, resolveu participar do Phytoervas Fashion Awards, evento deu origem ao São Paulo Fashion Week, e foi escolhida a melhor estilista do evento naquele ano.


Logo em seguida foi convidada para estudar no Studio Berçot, em Paris, capital da França, e começou a desenvolver acessórios para grifes como Ellus e Rosa Chá e roupas para diversas figuras públicas.


Em 2003 ela havia extirpado um câncer no timo, mas seu fígado não resistiu ao tratamento e ela sofreu uma hepatite medicamentosa fulminante. Mesmo doente criou 15 pijamas coloridos para serem usados por ela no hospital de São Paulo onde se tratava, avisando aos médicos para esterilizá-los e advertiu: “Não vou me vestir com aquela camisola com bunda de fora, jamais!”


Vera Arruda morreu aos 38 anos de idade e foi enterrada no campo Santo Parque das Flores em Maceió.


Mais homenageados
Outros três ilustres alagoanos foram homenageados com esculturas em tamanho real feitas de bronze: Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda, inauguradas em 2015 em comemoração aos 200 anos de Maceió, e o ator Paulo Gracindo, inaugurada dois anos depois.


O presidente da Fmac, Vinícius Palmeira, considera que a construção do monumento significa saldar uma dívida com os alagoanos. “Foi por meio das artes visuais que ela transformou a terapêutica destinada aos seus pacientes, chamados por ela de clientes. Essa é a conexão da cultura com a saúde. Ela foi revolucionária em todos os sentidos. Somos orgulhosíssimos do que estamos fazendo. A escultura é muito bonita, traz os traços fidedignos da nossa conterrânea.


Os próximos ídolos alagoanos homenageados com uma escultura serão os escritores Lêdo Ivo e Jorge de Lima.


Uma trajetória de luta e sucesso
Nise da Silveira foi uma das primeiras mulheres formadas em Medicina do Brasil e nunca escondeu sua admiração e inspiração por Carl Jung, um dos pais da psiquiatria. A alagoana foi, inclusive, pioneira na terapia ocupacional, que utiliza atividades recreativas para o tratamento de distúrbios psíquicos.


A psiquiatra chegou a ficar presa por dois anos após ser acusada de envolvimento com o comunismo, mas continuou seus estudos enquanto esteve sem liberdade. O trabalho inovador da psiquiatra e de seus pacientes resultou na criação do Museu do Inconsciente, que funciona até os dias de hoje no Rio de Janeiro.


A alagoana teve sua história contada no filme “Nise – O Coração da Loucura”, dirigido por Roberto Berliner e estrelado pela atriz Glória Pires.


https://www.op9.com.br/al/noticias/nise-da-silveira-e-imortalizada-em-monumento-no-corredor-vera-arruda/


 

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