Brasília, capital também da beleza nacional

18/08/2021 | 12:49 in Opinião

Roberto Macêdo*

Na próxima quinta-feira, dia 19, a nova Miss Brasil será coroada na capital federal entre 48 mulheres lindas que representam as unidades da federação, ilhas e regiões famosas. A expectativa é grande para que a eleita ganhe também o Miss Mundo, feito conquistado uma única vez por uma brasileira há 50 anos, a médica carioca Lúcia Tavares Petterle.

O destaque histórico é que agora as misses estão hospedadas no lendário Brasília Pálace Hotel, o primeiro do Distrito Federal, inaugurado dois anos antes que a cidade. Foi a segunda construção da capital, onde se hospedavam o presidente Juscelino Kubsticheck e sua comitiva. Antes, somente o Palácio da Alvorada. O hotel também acolhia os muitos visitantes que vinham conhecer esse lendário sonho de Dom Bosco que se tornou realidade com suas linhas arrojadas encantando o mundo. E continuou hospedando celebridades, como a Rainha Elizabeth, os presidentes Charles de Gaulle, Ronald Reagan e Jimmy Carter, e os atores John Travolta e Catherine Deneuve, entre dezenas de outros famosos.

Foi no Brasília Pálace Hotel que aconteceu o primeiro concurso de Miss Brasília, em 1959. No ufanismo do Brasil desenvolvimentista de Juscelino, a revista O Cruzeiro trouxe 16 candidatas de vários estados brasileiros (quatro goianas, sete fluminenses, duas amazonenses, uma baiana, uma sergipana e uma gaúcha), mostrando a diversidade brasileira que seria acolhida pela nova capital. Elas desfilaram em volta famosa da piscina oval para um júri que contava com o cartunista Ziraldo, então diretor de promoções da O Cruzeiro. A vencedora foi a morena carioca Marta Garcia, de 20 anos, olhos verdes, professora de inglês, que jogava vôlei e fazia balé. Foi recebida pelo presidente e ganhou como prêmios um isqueiro de ouro, uma viajem à Europa para divulgar o café brasileiro e um terreno na Novacap (como Brasília era carinhosamente chamada), onde seria construído um palacete projetado por Niemeyer. Não se sabe se esse último prêmio vingou. Marta participou da inauguração da nova capital e dançou com Juscelino.

Reprodução

O Miss Mundo é uma das maiores competições de beleza do planeta e atrai anualmente mais de 100 candidatas dos cinco continentes. No ano passado não foi realizado devido à pandemia, mas este ano acontecerá em dezembro, em San Juan, Porto Rico. O concurso tem como lema “Beleza com um propósito” e já arrecadou milhões de dólares que beneficiaram crianças carentes de diversos países.

Entre 1973 e 1980 Brasília realizou o concurso Miss Brasil no ginásio Nilson Nélson. Naquela época era um único concurso, com as três vencedoras representando o país no Miss Universo, Miss Mundo e Miss Beleza Internacional. Hoje, as três competições nacionais são separadas. A última vez que Brasília tinha realizado um Miss Brasil para o Miss Mundo foi em 1990. Agora o concurso está bem diferente, com cada candidata realizando um projeto social na sua cidade onde todas ajudam a população de alguma forma, com foco específico. Hoje já não importam mais as famosas medidas 90-60-90 (não se medem mais as misses), nem a altura da candidata. O foco é a desenvoltura e o envolvimento social. E tem muita representatividade. Entre as candidatas há loiras, morenas, negras e índias, mostrando a multiplicidade de tipos brasileiros. Há também uma trans, uma homossexual assumida e uma garota batalhadora que se orgulha de ter vencido três cânceres. São os novos tempos, onde a beleza tem um propósito: o de ajudar ao próximo, mostrando que cada pessoa pode contribuir para que o mundo seja melhor. Boa sorte à eleita e que ela traga, mais uma vez, essa vitória internacional para o Brasil.

*Roberto Macêdo é jornalista, especialista em concursos de beleza, e jurado do Miss Brasil Mundo.

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