Miss Amapá erra ao falar de cultura, gera polêmica na web e renuncia ao título

11/05/2018

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Em perfil, Williene Lima revelou que deixou o posto por questões pessoais e de saúde. Declaração sobre o marabaixo foi dada durante entrevista ao concurso Miss Brasil 2018.


Por Fabiana Figueiredo, G1 AP, Macapá


09/05/2018 16h47 Atualizado 09/05/2018 18h06


Miss Amapá erra ao falar de cultura, gera polêmica na web e renuncia ao título (Foto: Reprodução/Youtube) 


A ex-Miss Amapá 2018, Williene Lima, em uma entrevista ao concurso Miss Brasil 2018, errou ao falar sobre o surgimento da cultura do marabaixo e gerou polêmica das redes sociais nos últimos dias. Marabaixo é considerada a maior manifestação cultural do estado.


Nesta quarta-feira (9), a organização do concurso Miss Brasil 2018 anunciou pelas redes sociais a renúncia de Williene. Assumiu o posto a amapaense Emilay Campos. No perfil pessoal, a ex-candidata justificou a saída por motivos pessoais e de saúde: “Irei passar por procedimento cirúrgico oftalmológico”.



Ex-miss Amapá justificou que renunciou ao título por motivos de saúde (Foto: Reprodução/Instagram)


A declaração de Williene sobre o marabaixo foi dada durante uma série de entrevistas gravadas em vídeo para o perfil oficial do concurso Miss Brasil 2018 no Youtube, onde a ex-candidata foi entrevistada pela Miss Brasil 2017, Monalysa Alcântara (confira o trecho a seguir, aos 8 minutos e 14 segundos). 


Na gravação foram feitas perguntas sobre a vida pessoal da candidata e a cultura do estado que ela representa. O vídeo foi publicado na internet no dia 3 de maio.


“Nossa música mais famosa é o marabaixo. Vem do nosso afrodescendente que morava numa região marabaixo, desde 1984. E hoje como é feito esse ritmo? De batuques”, falou Williene. Em seguida, para ilustrar, é exibido um vídeo de carimbó, ritmo tradicional da cultura do estado do Pará.


Nas redes sociais, o vídeo foi replicado por diversos internautas amapaenses e dividiu opiniões. Teve gente que reclamou: “Ignorância é ela não saber a origem e ir falar besteira. Passou vergonha”. Mas também teve internauta que defendeu: “Duvido que todos os amapaenses saibam da história do marabaixo, mas estão aí criticando a menina, quanta hipocrisia!”.



Declaração dividiu opiniões nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)


O Marabaixo mistura aspectos religiosos, musicais e de dança, considerada uma herança de escravos negros. Na viagem da África para o Amapá, para trabalharem na construção da Fortaleza de São José de Macapá, no século 18, acorrentados, eles criaram o ritmo.


De março até junho de 2018, é celebrado o Ciclo do Marabaixo. A festa tradicionalmente acontece na Favela, atual bairro Santa Rita, no bairro Laguinho, e na comunidade de Campina Grande, na Zona Rural da capital.


Confira uma apresentação de marabaixo, no Monumento Marco Zero, ponto turístico de Macapá


Militante do movimento marabaixeiro, Elisia Congó é bisneta do escravo José Congo e neta do “Velho Congó”, figuras conhecidas na cultura do Marabaixo. Para ela, a declaração é resultado da falta de conhecimento e de políticas públicas para o incentivo ao conhecimento da manifestação cultural.


“Foi falta de conhecimento da Miss Amapá e também falta de interesse em conhecer de fato a cultura do local que ela mora. Além disso, isso retrata a falta de compromisso das autoridades com a nossa cultura, porque não há políticas, projetos que inclui conhecimento sobre o marabaixo nas escolas. O marabaixo hoje é mantido devido o compromisso de famílias que puxaram para si essa responsabilidade”, disse Elisia.



Williene Lima foi eleita Miss Amapá 2018 em abril (Foto: Reprodução/Facebook)


Miss Amapá 2018


A estudante de direito Williene Lima, de 20 anos, foi eleita a Miss Amapá 2018 em abril, por um júri técnico. Com a renúncia, assumiu o posto a empresária Emilay Campos, que havia ficado na segunda colocação da etapa estadual, representando o município de Mazagão.



Emilay Campos, representante de Mazagão, vai assumir o posto de Miss Amapá 2018 (Foto: Reprodução/Facebook)


“[A renúncia foi] por uma questão de saúde, não foi pelo que aconteceu no vídeo. Errar todo mundo erra, foi um erro e infelizmente as pessoas julgam e é o que está acontecendo na internet. A segunda colocada escolhida no júri técnico, Emilay Campos, vai assumir”, detalhou Enyellen Sales, coordenadora do Miss Amapá 2018.



Em perfil no Facebook, organização do concurso anunciou mudança (Foto: Reprodução/Facebook)


A organização informou que a coroa e faixa da nova candidata será entregue ainda nesta quarta-feira. Ela vai representar a beleza amapaense no Miss Brasil 2018, que acontece no dia 26 de maio, no Rio de Janeiro.


https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/miss-amapa-erra-ao-falar-de-cultura-gera-polemica-na-web-e-renuncia-ao-titulo.ghtml


 

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