Miss Universo: crise existencial, maiô com capa e nova dona já foi homem

17/01/2023

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Fora as intrigas de que houve favorecimento para a Miss Estados Unidos ganhar, prejudicando a favorita, uma venezuelana, como sempre


Por Vilma Gryzinski 17 jan 2023, 07h30 


Anne Jakrajutatip speaks during The 71st Miss Universe Competition at New Orleans Morial Convention Center on January 14, 2023 in New Orleans, Louisiana


Sob nova direção: a trans tailandesa Anne quer fazer um concurso de beleza feminista // Jason Kempin/Getty Images


Ouvindo a nova dona do concurso Miss Universo, Anne Jakrajutatip, discursar – e fechando os olhos para o vestido semitransparente com decote até a linha do Equador – alguém poderia achar que estava num grupo de discussão de gênero de centro acadêmico.


Teve empoderamento feminino, claro. E saudações a uma nova era e compromisso com “diversidade cultural, inclusão social, igualdade de gênero, criatividade”.


Nessa nova era, o concurso será “dirigido por mulheres, pertencente a uma mulher trans, voltado para todas as mulheres do mundo”.


Anne atingiu os botões emocionais certos ao lembrar que, quando criança, sofreu assédio sexual por parte de um professor e rejeição social, mesmo na tolerante Tailândia, o mais reputado centro de cirurgias para mudança de sexo muito antes que isso virasse moda e entrasse no cardápio de serviços públicos de saúde.


Aos 43 anos, com um marido britânico, dois filhos de barriga de aluguel e uma borboleta como símbolo da metamorfose, ela só não mudou a voz de barítono.


Sua história tem todos os ingredientes da meritocracia. Seu pai era coletor de lixo, Anne trabalhou num posto de gasolina, colecionou títulos acadêmicos na Austrália e hoje tem empresas de produtos de beleza, de refrigerantes, de conteúdo digital e distribuição.


Pagou 20 milhões de dólares pelo concurso Miss Universo, que já foi de Donald Trump, e aparece em algumas listas como a terceira pessoa trans mais rica do mundo.


A primeira é Jennifer Pritzker, do conglomerado que, entre outras coisas, tem o grupo de hotéis Hyatt e o governador de Illinois, J. B. Pritzker. Jennifer, nascida James, tem 72 anos e fortuna avaliada em 2 bilhões de dólares.


Em segundo lugar ficar Martine Rothblatt, com 585 milhões de dólares criados do zero na indústria de biotecnologia e redes de satélites.


Também aparecem os ex-irmãos Wachowski, hoje Lana e Lilly, com uma montanha de dinheiro construída com o filme Matrix e seus desdobramentos.


Curiosamente, não tem nenhum homem trans entre os mais ricos. Um sinal, diriam feministas empedernidas, de que até quando viram mulher os homens têm vantagem.


O novo e politicamente correto Miss Universo montado por Anne Jakrajutatip atende a requisitos dos tempos atuais, incluindo um desfile de maiô ou biquíni de lateral bem larga, encobertos por capas esvoaçantes com temas como mudanças climáticas, exploração infantil, recursos aquíferos e correlatos.


Felizmente, as fofocas de sempre continuaram rolando. A intriga é que a nova dona favoreceu a linda Miss Estados Unidos de nome impronunciável, R’Bonney Gabriel, descendente de filipinos, em prejuízo da favorita, Amanda Dudamel, uma venezuelana que honra a tradição das rainhas da beleza de seu país.


Imaginem só, concursos de miss que, como reality shows, são manipulados. Tragam os sais.


Fazer o aggiornamento dos concursos de beleza é uma pauleira. Como dar o tom woke a uma atividade inteiramente baseada nos predicados físicos das concorrentes, que se apresentam sem terem sido forçadas para tal?


Israel deu uma solução radical: simplesmente acabou com os concursos de miss, depois de setenta anos de desfiles que revelaram, entre outras, um dos seres mais belos do universo, a atriz Gal Gadot. Outra das vencedoras, Sella Sharlin, Miss Israel 2019, argumentou que o concurso permitiu que ela criasse um grupo de associações voltadas para a educação financeira de jovens.


Mas não tem jeito. Quem rejeita por princípio que jovens mulheres sejam avaliadas pela beleza tem que adotar a solução israelense. Kaput, concurso.


Para tristeza dos loucos por um concurso de miss, que adoram torcer por seu estado ou seu país, empolgam-se apaixonadamente quando detectam favorecimentos indevidos ou apenas não resistem à breguice inerente ao conjunto da obra, especialmente quando envolvem trajes nacionais.


A beleza feminina tem um apelo enorme e atende à aspiração humana, inclusive ou principalmente das mulheres, por harmonia e até transcendência.


Junto com o Miss Universo, e sua crise existencial, a milionária tailandesa comprou também do grupo IMG o Miss Estados Unidos, levantando sobrancelhas tatuadas e botocadas a novos píncaros de desconfiança. A final foi em Nova Orleans.


Os Estados Unidos têm nove ganhadoras do título e a Venezuela, sete. Uma garantia de que haverá emoção na próxima disputa.


Só faltava Nicolás Maduro, um procurado pela Justiça americana, resolver comparecer.


https://veja.abril.com.br/coluna/mundialista/miss-universo-crise-existencial-maio-com-capa-e-nova-dona-ja-foi-homem/

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