20/12/2018
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Foto: AFP
Postado por Thamires Tancredi 20-12-2018 às 11h00
Não sou lá muito fã de concursos de beleza, mas o último Miss Universo, que rolou no domingo passado, me chamou a atenção por um motivo especial: pela primeira vez em 67 edições, uma candidata trans estava entre as 94 misses na disputa pela faixa. Angela Ponce representava a Espanha – e foi também a primeira miss trans no país.
Linda, linda, ela infelizmente não levou a coroa para casa, mas fez história no concurso. Recebeu até uma homenagem da organização. Aplaudida, discursou e emocionou: “Minha esperança é que amanhã eu possa viver em um mundo com igualdade para todos. Que, simplesmente, entendamos que somos seres humanos. Devemos tornar nossas vidas mais fáceis, juntos. A realidade de muitas pessoas deve mudar. Se eu posso dar isso ao mundo, eu não preciso ganhar o Miss Universo. Eu só preciso estar aqui”.
Angela era a mais cotada para vencer pelas casas de apostas, mas talvez o tradicionalismo que envolve o concurso ainda não estivesse preparado para uma Miss Universo trans. Uma pena. Mas também uma glória: o concurso abriu portas para que mais esse degrau na escadinha da representatividade fosse alcançado. A Miss Espanha ajudou a dar mais visibilidade à população trans que luta todos os dias para ser respeitada e andar na rua com segurança. E inspirou outras como ela a ocuparem espaços. Todos os lugares que puderem. Inclusive, de mulher mais bela do seu país.
Tenho tentado olhar o copo meio cheio. Talvez muitas garotas negras ainda não tenham a oportunidade de brincar com bonecas que sejam parecidas com elas, como certamente terá a filhinha do Wagner e da Lidi. A mídia e a publicidade ainda estão aprendendo a incluir, de verdade, gente como a gente com naturalidade. Mas conquistas como a de Angela Ponce me fazem, de verdade, acreditar que estamos no caminho. 2019 vem aí. Que exemplos como esses se multipliquem, todos os dias.